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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Exposição de fotos mostra trajetória das Mães da Praça de Maio



As históricas Mães da Praça de Maio, que há 32 anos lutam para saber onde estão seus filhos, desaparecidos durante a ditadura militar argentina (que durou de 1976 a 1983), agradecem o apoio de todo o mundo com a mostra fotográfica A Volta ao mundo em um Barco de Amor.


A exposição mostra uma seleção de 340 fotografias que remontam as três décadas nas quais as mães foram protagonistas de manifestações, homenagens e reconhecimentos a seu trabalho nos cinco continentes.

O objetivo da exposição é "mostrar ao mundo que não fizemos tudo sozinhas, que em cada país houve grupos, organizações, praças, parques e homenagens que nos deram forças para poder seguir adiante. É uma forma de agradecer a todos os países do mundo que nos deram tanto", disse a presidente da Associação Mães de Praça de Maio, Hebe de Bonafini.

Além de fotografias tiradas em praticamente todos os países da América Latina, há imagens da passagem das mães por Cuba, Espanha, Itália, França, Holanda, Alemanha, Suécia, Canadá, Austrália, Iraque, Egito ou as duas Coreias. Muitas das fotografias mostram Hebe com os presidentes dos países citados ou com líderes de movimentos políticos ou religiosos.

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e o ex-presidente cubano Fidel Castro são os líderes que aparecem em mais fotos com as mães, compartilhando sua dor e sua luta em diferentes eventos.

A presidente da associação também posa com líderes como o papa João Paulo II, em uma foto tirada no Vaticano em 1983; com o diretor-geral da Unesco, Koichiro Matsuuro, quando as mães receberam o Prêmio Educação para a Paz em 1999; ou com Yasser Arafat, líder do movimento de libertação palestina.

No entanto, Hebe reconhece que uma das imagens mais emocionantes da exposição foi tirada há pouco tempo, em um ato na Argentina, em 2008, no qual as mães entregaram à presidente Cristina Fernández de Kirchner, o lenço branco que simboliza sua luta.

Na fotografia, ambas aparecem emocionadas levantando o lenço, um momento que Hebe lembra como "muito forte para ela, para mim, para todos".

Uma das fotos mais curiosas mostra Hebe com o músico argentino Charly García na residência dele, fotografia acompanhada de outra tirada em 1993 com Sting, além de várias com a banda irlandesa U2, que em uma de suas passagens pela capital argentina visitou a casa das mães.

Junto às fotografias podem ser lidas as palavras de ordem que sempre acompanharam as mães, como "a única luta que se perde é a que se abandona", "nem um passo atrás", e a que, para Hebe, é a mais significativa de todas: "Até a vitória sempre, queridos filhos".

A mostra pode ser visitada no Espaço Cultural Nuestros Hijos, administrado pelas mães no antigo prédio da Escola Superior de Mecânica da Armada (Esma), onde funcionou o maior centro clandestino da última ditadura militar argentina.

– Aqui é como vencer a morte. Vencemos a morte. Pintamos este lugar, demos cor a ele. Onde ninguém queria vir, as mães disseram: onde houve morte vamos pôr vida, vamos mostrar ao mundo que isto não é um museu, é um lugar de vida, de arte – explicou Hebe.

Além disso, lembrou que a exposição não deixa de ser, como todos os eventos que lideram, uma homenagem a seus filhos.

A dirigente da associação, criada em outubro de 1977, se mostrou muito orgulhosa de suas conquistas durante os 32 anos de luta.

– Lentamente fomos dando resposta a tudo. À ditadura (...), à falta de educação, à universidade. À falta de possibilidades, aos sonhos compartilhados. Quando vimos que não tínhamos como, que ninguém nos escutava, a rádio, o jornal, o outro jornal, uma revista nova, a livraria, a biblioteca" nos deu ouvido, relatou, sobre o caminho percorrido.


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