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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

MARAGATOS X CHIMANGOS

A REVOLUÇÃO FEDERALISTA DE 1893

Antes de penetrar na Revolução propriamente dita e para que bem se possa entendê-la, bem como o que a segue, é muito importante que o leitor tenha em mente que o epísódio em pauta teve o seu início apenas quatro anos após a Proclamação da República do Brasil, uma transformação radical para um país que viveu apenas 57 (cinqüenta e sete) anos sob o regime imperial, imediatamente após a sua independência.

A Revolução Federalista de 1893 ocorreu no sul do Brasil, logo após a Proclamação da República (1889), e teve como causa principal a instabilidade política gerada pelos federalistas, que pretendiam "libertar o Rio Grande do Sul da tirania de Júlio Prates de Castilhos", então presidente do Estado.

Empenharam-se em disputas sangrentas que acabaram por desencadear uma guerra civil, que durou de fevereiro de 1893 a agosto de 1895, e que foi vencida pelos seguidores de Júlio de Castilhos.

A divergência teve inicio com atritos ocorridos entre aqueles que procuravam a autonomia estadual, frente ao poder federal e seus opositores. A luta armada atingiu as regiões compreendidas entre o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

O Partido Federalista do Rio Grande do Sul havia sido fundado em 1892 por Gaspar Silveira Martins. Em tese, o Partido defendia o sistema parlamentar de governo e a revisão da Constituição, pretendendo o fortalecimento do Brasil como União Federativa.

Desta forma, esta filosofia chocava-se frontalmente contra a constituição do Rio Grande do Sul de 1891. Esta era inspirada no positivismo e no presidencialismo, resguardando a autonomia estadual, filosofia adotada por Júlio de Castilhos, chefe do Partido Republicano Rio-grandense (PRR), e que seguia o princípio comtiano-positivista das "pequenas pátrias".

Júlio de Castilhos exerceu influência singular sobre a política gaúcha. Redigiu praticamente sozinho a Constituição do Estado do Rio Grande do Sul de 1891 e usou todos os meios possíveis para sua aprovação. Tal constituição inspirava-se muito fortemente no Positivismo do filósofo francês Auguste Comte, e garantia ao governante os meios legais de implementar a política de inspiração positivista. Embora tida por autoritária, tal constituição pretendia implementar, no caráter do regime republicano, aspectos racionais, baseados na História e na Ciência a fim de superar aspectos populares ou metafísicos (abaixo as fotos de Júlio de Castilhos, 1º e Gaspar Silveira Martins, em 2º).




Durante a Revolução Federalista de 1893, no Rio Grande do Sul, eram chamados de gasparistas ou maragatos, os seguidores de Gaspar da Silveira Martins, frontalmente opostos aos castilhistas, pica-paus ou chimangos, seguidores de Júlio de Castilhos.

Os chimangos estavam no poder com Júlio de Castilhos e tinham forte vínculo com o Governo Federal. O motivo da alcunha veio do chapéu usado pelos militares que apoiavam essa facção, que possuía listras brancas e que, segundo os revolucionários, seriam semelhantes a um tipo de pica-pau do Sul do Brasil. Esta denominação se estendeu a toda facção que passou, posteriormente a usar o lenço branco ao pescoço.

O termo maragato, no Brasil, foi usado pela primeira vez para se referir uma das duas grandes correntes políticas gaúchas, surgida no Rio Grande do Sul em 1891, no esteio da Revolução Federalista e identificada pelo uso do lenço vermelho. Os maragatos foram os que iniciaram a revolução, justificada como resistência ao excessivo controle exercido pelo governo central sobre os estados. O objetivo da revolução seria, portanto, garantir um sistema federativo, e a adoção da forma parlamentarista de governo. A origem do termo tem uma explicação complexa. No Uruguai eram chamados de maragatos os habitantes da cidade de San José de Mayo, Departamento de San José, talvez porque os seus primeiros habitantes fossem descendentes de maragatos espanhóis. Na província de León, Espanha, existe uma comarca denominada Maragateria, cujos habitantes têm o nome de maragatos, e que, segundo alguns, é um povo de costumes condenáveis, vivendo a vagabundear de um ponto a outro, com cargueiros, vendendo e comprando roubos e por sua vez roubando, principalmente animais; são uma espécie de ciganos. Na época da revolução, os republicanos legalistas usavam esta apelação como pejorativa, atribuindo-lhes propósitos mercenários. A realidade oferecia alguma base para essa assertiva: o caudilho estrategista brasileiro Gumercindo Saraiva, um dos líderes da revolução, havia entrado no Rio Grande do Sul vindo do Uruguai pela fronteira de Aceguá (Uruguai), no Departamento de Cerro Largo, comandando uma tropa de 400 homens entre os quais estavam uruguaios, supostamente descendentes de maragatos. A família de Gumercindo, embora de origem portuguesa, possuia campos em Cerro Largo. A atribuição desse apelido aos revolucionários, entretanto, foi um tiro que saiu pela culatra. A denominação granjeou simpatia. Os próprios rebeldes passaram a se denominar "maragatos", e chegaram a criar um jornal que levava esse nome, em 1896.



O Início do Conflito

As desavenças iniciaram-se com a concentração de tropas sob o comando do maragato João Nunes da Silva Tavares, o Joca Tavares, barão de Itaqui, em campos da Carpintaria, no Uruguai, localidade próxima a Bagé . Logo após o potreiro de Ana Correia, vindo do Uruguai em direção ao Rio Grande do Sul, encontrava-se o coronel caudilho federalista Gumercindo Saraiva (abaixo, foto histórica de Gumercindo Saraiva - terceiro sentado, da esquerda para a direita - e alguns líderes do movimento).



Eficientemente, os maragatos dominaram a fronteira, exigindo a deposição de Júlio de Castilhos, que havia sido eleito presidente do estado pelo voto direto. Havia também o desejo de um plebiscito onde o povo deveria escolher a forma de governo.

Devido à gravidade do movimento, a rebelião adquiriu âmbito nacional rapidamente, ameaçando a estabilidade do governo rio-grandense e o regime republicano em todo o país. Floriano Peixoto, então na presidência da República, enviou tropas federais sob o comando do general Hipólito Ribeiro para socorrer Júlio de Castilhos.

Foram estrategicamente organizadas três divisões, chamadas de legalistas: a do norte, a da capital e a do centro. Além destas, foi convocada a polícia estadual e todo o seu contingente para enfrentar o inimigo.



O Final do Conflito

A revolução federalista foi vencida pelo governo central em junho de 1895 no combate de Campo Osório. Saldanha da Gama, possuidor de um contingente de 400 homens, lutou até a morte contra os Pica-paus comandados pelo general Hipólito Ribeiro.

A paz finalmente foi assinada em Pelotas no dia 23 de agosto de 1895. O presidente da República era então Prudente de Morais, e o emissário do governo federal era o general Galvão de Queirós.
 
 
nsantanna.blogspot.com



2 comentários:

  1. Muito bem, Ramonzinho, colocou a fonte...
    Belo texto do Nelson.
    Esse é um assunto que ainda vai fazer a mula rugir! hahahaha

    Tô indo pra Floripa no feriado de Finados. Nos vemos?
    Beijo enorme meu

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  2. alem de colocarem uma musica idiota que não tem nada a ver com a nossa historia , Revolução Federalista de 1893 foi de Maragatose Pica-Paus , Maragatose Chimangos foi em 1923

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